16/08/2017

Trabalhando a consciência fonológica - 10 atividades

Consciência fonológica, o primeiro passo para o letramento

É impossível pensar em letramento e alfabetização sem o desenvolvimento da consciência fonológica, que é o conhecimento da sonoridade da linguagem, ou seja, a capacidade de perceber que a língua falada é composta por unidades fonéticas que se combinam e recombinam para formar sílabas, palavras, frases e textos.

É ela que dá subsídios para a aquisição da leitura e da escrita, como demonstraram diversos estudiosos. Sendo assim, trazer a criança para o universo da linguagem consiste em um trabalho focado também no desenvolvimento da oralidade, pois, conforme afirma o fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi, a criança só avança para a fase silábica de escrita se já está atenta à sonoridade das palavras.
Por essa razão, os projetos pedagógicos sugeridos trazem sempre rodas de conversa, músicas, cantigas de rodas, poesias, parlendas, jogos orais, entre outras atividades que desenvolvem essa habilidade metalinguística. Mas não basta cantar e recitar, é preciso que o professor chame a atenção para os elementos fonológicos da língua, por exemplo, pedindo à criança que encontre as rimas na parlenda recitada.

A consciência fonológica é composta de sub-habilidades. São elas:

Rima - representa a correspondência de sons na terminação das palavras. Brincar de rimar os nomes das crianças com palavras ajuda a desenvolver a habilidade de perceber essas correspondências.

Aliteração - representa a repetição de letras ou sílabas no início das palavras. Segundo a fonoaudióloga Lilian Nascimento, os trava-línguas são um bom exemplo para trabalhar essa habilidade, por utilizarem o mesmo fonema na frase.

Consciência de palavras ou sintática
- representa a capacidade de perceber as palavras de uma oração, a relação entre elas e a ordenação que as faz terem sentido. Marcar as palavras de uma frase com o bater das mãos ou dos pés, ou até mesmo contar os elementos da frase, ajuda a desenvolver essa percepção. Consciência da sílaba - representa a capacidade de perceber e separar as sílabas das palavras. Nesse caso, a contagem também é um ótimo recurso, dizer quantas sílabas a palavra tem, subtrair uma sílaba para formar nova palavra, perceber a sílaba inicial ou final são alguns exemplos de ações que trabalham o desenvolvimento dessa habilidade.

Consciência fonêmica - é a mais refinada das capacidades da consciência fonológica e a última a ser adquirida pela criança. Consiste em analisar os fonemas das palavras e portanto, formar palavras a partir do ditado de seus fonemas, contar a quantidade de fonemas da palavra, bem como tirar ou pôr fonemas para formar outras palavras, o que auxilia no aprimoramento dessa capacidade.

Colocando em prática

Em uma roda de conversa, explique aos alunos a importância de conhecer todas as letrinhas do alfabeto, pois elas são indispensáveis para escrever o nome de cada um e de todas as coisas que se pode imaginar, como músicas, poesias, receitinhas gostosas, os nomes dos bichinhos, dos brinquedos e muito mais.

Apresente uma letra de cada vez até que todos tenham a mesma oportunidade de aprendê-la. Cada letra pode ser trabalhada dentro de um nome, de uma rima, de um poe­ma, de uma embalagem ou de uma música infantil.

Iniciando pela letra “A”, dê enfase à forma, orientando os pequenos a contornar seus traços deslizando o dedinho sobre ela e transitando-o pelo seu interior.

Não se limite a ensinar apenas o nome da letra mas, principalmente, como ela passa pelo nosso corpo e se com­porta na leitura.

Por exemplo, a letra “A” se chama “A” e faz ”A” ao ser pronunciada. Ao proceder dessa forma com todas as letras, as crianças poderão perceber que as vogais se comportam de maneira semelhante, enquanto as consoantes têm comportamentos distintos entre si. A letra “S”, por exemplo, traz o efeito de sopro para as palavras das quais faz parte; já a letra “R” também é engraçada, porque faz cócegas na garganta da gente ou faz a nossa língua dar uma tremidinha, como nas palavras “rato” e “aranha”. Conduzindo dessa forma, estará sendo trabalhado não somente o nome de cada letra, mas também sua consciência fonológica, que contribui na construção dos conhecimentos necessários para a leitura e, consequentemente, para a escrita, proporcionando mais facilidade na aprendizagem das assustadoras “sílabas complexas”.

Se esse procedimento for observado com muito carinho, a probabilidade de as crianças acessarem os demais anos sem estarem alfabetizadas é improvável. Isso porque, além de terem aprendido com significado, o processo de ensino não ficou fragmentado, limitando-se apenas ao ensino do nome de cada letra. Essa falha tem sido uma das principais vilãs no fracasso dos alunos durante o processo alfabetização. Quando isso acontece, o método, a linha ou o modelo de ensino ficam “atrapados” (termo da psicopedagogia que significa ficar preso, estagnado e não ter avanço) e os prejuízos no desenvolvimento do sujeito da aprendizagem são visíveis.


Nenhum comentário:

Postar um comentário